Pintada a óleo, a obra de arte intitulada “Cristo, A Salvação do Mundo” resistiu aos eventos da enchente de maio em Canoas. Criada pelo artista plástico Chico Cau, a tela em lona ficou quase um mês submersa no bairro Harmonia.
Inspirado na última eleição presidencial, o quadro pertence à Gladis Schinoff Alves, vencedora do concurso que deu título à obra. “Na época, o empresário Rogério Barbi promoveu uma competição para a escolha do nome da tela e ela ganhou o quadro”, explica o artista.
Preocupado com o destino da obra após a inundação, Chico Cau entrou em contato com Gladis. “Moramos no mesmo bairro, então, eu sabia situação. Perguntei como ela estava e se a obra havia sobrevivido. Para minha surpresa, era possível restaurar os danos.”
Sensibilizado com as perdas de Gladis, o artista ofereceu gratuitamente para realizar a restauração. “Além de ser difícil achar quem faça esse tipo de trabalho, o custo é alto”, diz. “É uma obra que fiz para expressar os diferentes sentimentos sobre as eleições de 2022. Ela possui um significado subjetivo. As interpretações dependem da visão de mundo de cada pessoa.”
Segundo o pintor, o quadro passará por uma limpeza detalhada e por uma repintura em partes descascadas. “Para a higienização farei uso de produtos que não são abrasivos. Com uma esponja, água e detergente neutro, será possível limpar sem causar novos danos. Já para a pintura, o material será o mesmo, tinta óleo”, salienta.
Com um metro de altura e 60 centímetros de largura, a tela, que mescla elementos nacionais, como a bandeira do Brasil e o Cristo Redentor, apresenta pequenas rachaduras. “É praticamente um milagre. Não imaginei que o quadro poderia resistir tanto tempo debaixo d’água. Descascou pouco. Será preciso retoques pontuais”, evidencia.
Ele relembra com carinho a repercussão do trabalho realizado no município. “Produzi com a presença do público e foi muito especial. Depois, para o concurso, o quadro ficou exposto em Canoas para a apreciação das pessoas que participaram do concurso e quem quisesse ver. Foi uma experiência marcante”, recorda o artista.
Francisco Carlos Moura Alves, 68, adotou o nome artístico de Chico Cau em 2017, quando recebeu a oportunidade de expor os quadros que produzia. “Aos 43 anos, foi diagnosticado com depressão. Na época, comecei a pintar para auxiliar na cura. Até os meus 61 anos, a pintura era um hobby. Eu trabalhava no comércio. A arte era algo distante. Por anos, foi um sonho”, relembra.
Na busca de uma chance, em 2017, Cau entrou em contato com o empresário Rogério Barbi. “Após mostrar minhas obras, ele abriu espaço na exposição que estava ocorrendo no Canoas Shopping. Depois disso, não parei mais.”
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.