Dados atualizados pela plataforma de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontam que o Rio Grande do Sul chegou a 31 mortes por dengue em 2022, duas das quais foram notificadas nesta quinta-feira (19). A estatística oficial também contabiliza quase 24.900 registros da doença no período – a transmissão foi autóctone (dentro do Estado) em 20.416 casos.
O número de desfechos fatais nestes cinco primeiros meses já equivale a quase o triplo do que foi contabilizado ao longo de todo o ano passado, quando a doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti vitimou 11 pessoas em território gaúcho.
Do ponto-de-vista etário, 21 dos 31 mortos tinham 70 anos ou mais, ao passo que nove se situavam em uma faixa de 10 a 59 anos. Por gênero, o segmento feminino corresponde a 17 casos fatais (57%), enquanto no masculino foram 12 registros (43%).
Distribuição geográfica
A maioria dos óbitos ocorreu na cidade de Igrejinha (Vale do Paranhana): cinco ocorrências. Depois aparecem Novo Hamburgo (Vale do Sinos) e Horizontina (Região Noroeste), com três falecimentos cada.
Porto Alegre, por sua vez, está relacionada a dois registros, incluindo um dos novos casos desta quarta-feira – o outro é da cidade de Condor (Noroeste). Confira a lista completa, por ordem decrescente de óbitos:
– Igrejinha: 5;
– Horizontina: 3;
– Novo Hamburgo: 3;
– Cachoeira do Sul: 2;
– Jaboticaba: 2;
– Porto Alegre: 2;
– Boa Vista do Buricá: 1;
– Chapada: 1;
– Cristal do Sul: 1;
– Condor: 1;
– Dois Irmãos: 1;
– Erechim: 1;
– Estância Velha: 1;
– Lajeado: 1;
– Nova Candelária: 1;
– Nova Hartz: 1;
– Novo Machado: 1;
– Rondinha: 1;
– Sapucaia do Sul: 1;
– São Leopoldo: 1.
Saiba mais
Dentre os sintomas compatíveis com a dengue estão febre com duração de até sete dias, acompanhada de ao menos dois dos seguintes sintomas: manchas vermelhas no corpo, dor de cabeça, no corpo e nas articulações (bem como atrás dos olhos), náuseas, vômitos, leucopenia (leucócitos abaixo do limite inferior normal) e vermelhidão ocular.
Trata-se de doença viral com amplo espectro clínico: enquanto a maioria dos pacientes se recupera após evolução leve e autolimitada, uma pequena parte progride para quadro grave.
A ocorrência e disseminação se dá especialmente nos países tropicais e subtropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti e Aedes albopictus (responsável pela febre-amarela).
Nos últimos 50 anos, a incidência aumentou 30 vezes com aumento da expansão geográfica para novos países e, na presente década, para pequenas cidades e áreas rurais. É estimado que 50 milhões de casos de infecção por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas vivem em países onde a doença é endêmica.
Há referências de epidemias de dengue desde o século de 1800 no Brasil, como relatos de São Paulo em 1916 e do Rio de Janeiro em 1923, embora sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada cientificamente ocorreu em 1981-1982 na cidade de Boa Vista, capital de Roraima.
A situação se repetiu em 1986-1987, atingindo novamente o Rio de Janeiro e, dessa vez, algumas capitais da Região Nordeste. Desde então, a doença vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, com ou sem epidemias. Trata-se, hoje, de um dos maiores desafios de saúde pública no País.
(Marcello Campos)