A discussão sobre o retorno do consumo e da comercialização de bebidas alcoólicas em estádios voltou à Assembleia Legislativa e com um argumento novo.
Em defesa ao projeto de lei que tramita na Casa, dirigentes de times de futebol do interior defenderam a comercialização como um fator importante para a renda de seus clubes.
O assunto foi tema de audiência pública na comissão de Segurança e Serviços Públicos, nesta segunda-feira (23), que foi comandada por Giuseppe Riesgo (Novo) e contou com a participação de demais parlamentares, além de dirigentes de diversos clubes do Estado.
O parecer favorável a proposta deve pode ser votado nesta terça-feira, na comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e é fundamental para a tramitação da proposta na Casa.
“A restrição jogou o problema para o lado de fora das arenas esportivas e não melhorou os índices de segurança pública”, afirmou Riesgo.
Riesgo e mais seis deputados protocolaram, em dezembro do ano passado, um projeto de lei que regulamenta o tema no Rio Grande do Sul. “A proposta foi construída a partir de um longo diálogo com os setores envolvidos e encontra amparo jurídico para a retomada após 12 anos de proibição no Estado.”
O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, participou da audiência pública e pontuou que o consumo de bebidas alcoólicas nos dias de jogos é um fato social que necessita de uma regulamentação adequada, uma vez que os torcedores já consomem álcool no entorno dos estádios. “De uma maneira organizada e controlada, acreditamos que é possível autorizarmos a venda dentro das arenas esportivas, evitando um acúmulo de pessoas nas entradas antes do início das partidas, o que dificulta o acesso”, mencionou.
Por sua vez, o conselheiro de Gestão do Internacional, José Olavo Bisol, também apresentou um posicionamento favorável ao tema, semelhante ao do presidente do Grêmio. Bisol disse que a prática já é comum antes dos jogos, em especial com as caravanas de torcedores do interior do Estado. “As novas tecnologias das arenas permitem que eventuais focos de confusão podem ser rapidamente controlados.”
Já o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Luciano Hocsman, defendeu que os clubes que integram a entidade serão parceiros na regulamentação responsável da prática durante os jogos. “Esta é uma construção do legislativo com os órgãos de segurança”, resumiu.
O deputado Fábio Ostermann (NOVO) defendeu uma ampliação do debate sobre o tema e lembrou sobre os impactos que a restrição da venda de bebidas tem causado, em especial nos clubes do interior do RS. “Tenho percorrido o estado e conversado com representantes de vários times, que relatam inúmeras melhorias que poderiam ser feitas com a receita extra da comercialização.”
Retrocesso
Por outro lado, o representante do Ministério Público, promotor de Justiça Márcio Bressani, disse que o retorno do consumo poderá trazer retrocessos. “Nos últimos anos, tivemos um grande avanço para a civilidade no ambiente das partidas de futebol e acredito que não estamos prontos para a liberação”, manifestou.
Na mesma linha, o assessor do gabinete do comandante da Brigada Militar capitão Gustavo Prietto expôs eventuais riscos que a volta do álcool nos estádios pode trazer. “Temos preocupação com o tema, mas iremos garantir a ordem pública independentemente da decisão tomada pela Assembleia Legislativa”, garantiu.