Com a chegada do frio, os hospitais gaúchos têm visto uma explosão de crianças internadas. A causa principal são vírus respiratórios, comuns nesta época. A diferença neste ano, dizem médicos, é que um número alto de bebês e crianças teve contato com esses vírus ao mesmo tempo, após dois anos de pandemia em que ficaram isoladas em casa. O resultado é de sobrecarga: faltam leitos de UTI, se formam filas e já houve mortes de bebês à espera de uma vaga.
O governo gaúcho anunciou nesta quarta-feira (25) um plano de contingência para dar conta da demanda hospitalar de emergências pediátricas. Porto Alegre, e várias cidades no interior do Estado estão com UTIs lotadas e têm filas de espera. O plano prevê a qualificação de até 100 leitos pediátricos intensivos com suporte a distância.
Conforme o governo, o programa não visa a criação de vagas, mas usar leitos já existentes que contam com suporte técnico a distância para atender como um leito intensivo. O Rio Grande do Sul tem 256 leitos pediátricos em UTI – 186 deles pelo SUS. O plano estadual prevê níveis de gravidade e respectivas respostas para cada nível.
Para dar suporte aos hospitais sem UTI, a equipe médica local terá apoio da telemedicina com um médico intensivista pediátrico, que discutirá os casos a distância, por telefone e vídeo. “Com isso, podemos até impedir que seja realizada transferência da criança para outro hospital de maior porte quando, com esse suporte, ela pode ter o atendimento no mesmo local onde já está”, argumenta a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann.
Com alas pediátricas de ao menos três hospitais superlotadas, a prefeitura de Porto Alegre abriu 49 novos leitos para crianças. O Hospital Vila Nova, na zona sul, que não tinha leitos infantis, passou a oferecer 40 leitos para pediatria desde o último dia 17 para atendimento via SUS. Os hospitais Materno Infantil Presidente Vargas e o Restinga e Extremo-Sul também abriram vagas.
Segundo o diretor adjunto de Atenção Hospitalar e Urgências da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, Francisco Isaías, de março de 2019 a março deste ano, foram reduzidos 109 leitos pediátricos na cidade. A reabertura de 107 leitos ocorre por meio parceria com prestadores do serviço. Parte deles é permanente, mas outros devem funcionar até setembro, na operação inverno.
Santa Catarina
Já Santa Catarina tinha nesta quinta (26) nove crianças na fila de espera para leitos de UTI, ao menos seis delas devido a problemas respiratórios. A taxa de ocupação da ala de terapia intensiva pediátrica já havia alcançado 100% em algumas regiões na última sexta-feira, 20, o que levou a Diretoria de Vigilância Epidemiológica e a Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado a publicarem nota reforçando as recomendações de prevenção contra doenças respiratórias.
O texto recomenda que a população complete os quadros de vacinação contra gripe e siga os protocolos de cuidado, como álcool 70% e uso de máscara – que deixou de ser obrigatório no estado desde o início de março.
A Secretaria da Saúde diz trabalhar junto às unidades hospitalares para abrir mais leitos de UTI e reforça a necessidade de elevar a cobertura vacinal. Não pretende, porém retomar medidas restritivas ou retomar obrigatoriedade das máscaras.