Por meio da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Viamão (Região Metropolitana de Porto Alegre, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) interpôs recurso em sentido contra decisão que na última terça-feira (31) concedeu liberdade provisória a um homem denunciado pelo feminicídio da ex-companheira. Ela foi morta em 2019, com 18 facadas.
Na justificativa da apelação judicial, a promotora Bárbara Pinto e Silva sublinha que “o crime é grave, tanto que considerado como hediondo, e deve ser tratado como tal. Relativizá-lo a um delito comum, como qualquer outro, é extremamente temerário e alimenta sensação de impunidade à qual a população já está tristemente acostumada”.
Em seguida, ela reiterou o fato de o réu ter “ceifado a vida de sua ex-companheira, a qual já havia agredido anteriormente, bem como ter prometido sua morte caso ela mantivesse relacionamento amoroso com outra pessoa, fatos que ratificam a tese de que se trata de uma pessoa extremamente perigosa”.
Crime e fuga
De acordo com as investigações e o processo judicial, no dia 23 de outubro de 2019 o réu invadiu a casa da ex-companheira Letícia Ribeiro, 38 anos, e a atacou com 18 facadas, inclusive utilizando mais de uma arma-branca no crime.
As agressões só foram interrompidas após os três filhos (de 10, 13 e 18 anos) da vítima avisarem que haviam acionado a Brigada Militar (BM).
O agressor, de então 43 anos, não aceitava o fim do relacionamento e o namoro da ex com outro homem. Ele fugiu da residência onde cometeu o crime, no bairro Estalagem. No entanto, acabou preso algumas horas depois.
Luta pela vida
A vítima chegou a ficar internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Viamão, mas não resistiu aos ferimentos, falecendo mais de um mês depois. Um de seus familiares chegou a ser indiciado por favorecer a fuga e dificultar a prisão, já que abrigou o abrigou em sua casa logo após o crime.
Antes de ser esfaqueada gravemente, Letícia Ribeiro já havia registrado ao menos três ocorrências policiais (todas por agressão) contra o homem com quem manteve o relacionamento de desfecho trágico. Ela ainda não tinha medida protetiva contra ele.
(Marcello Campos)