Por solicitação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), a Justiça gaúcha revogou a prisão domiciliar que havia sido concedida nesta semana a mãe e filho acusados pelo desaparecimento de um idoso de 85 anos em Cachoeirinha (Região Metropolitana). Motivo: ambos saíram de casa e deram entrevistas a emissoras de rádio.
A dupla passou da condição de denunciada a acusada no final do mês passado. Eles são filha e neto de Rubem Affonso Heger, que as autoridades consideram como vítima de homicídio e ocultação de cadáver no dia 27 de fevereiro junto com a esposa Marlene Heger, 53. Os corpos ainda não foram encontrados, apesar de buscas intensas realizadas até agora pela Polícia Civil. .
Os investigados negam envolvimento no sumiço do idoso. Ambos permaneceram recolhidos desde maio ao regime fechado, de forma preventiva, até obterem a prisão domiciliar, condicionada à permanência integral no imóvel, na cidade de Canoas (também na Região Metropolitana), bem como ao comparecimento a audiências e entrega de passaportes.
Ao conceder o benefício, o juiz da 1ª Vara Criminal do município, Bruno Jacoby de Lamare, havia aceitado o argumento da defesa de que a mulher tem saúde frágil (ela chegou a ser internada durante o período de reclusão no Presídio de Guaíba). Já o filho dela sofre de distúrbios mentais, necessitando de perícia no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF).
“Recebi informações sobre o estado de saúde dos denunciados evidenciando que a integridade física deles estará em risco caso permaneçam recolhidos no sistema prisional”, sublinhou o magistrado na decisão.
Corpos ainda não foram encontrados
Rubem e Marlene permanecem desaparecidos há mais de três meses. Imagens capturadas por câmeras de segurança das proximidades mostram os dois familiares chegando à residência do casal (na Vila Carlos Antônio) durante o horário do almoço. No fim da tarde, a filha do idoso aparece bloqueando a visão da garagem com colchões e depois indo embora de carro.
A suspeita é de que ela e o filho tenham assassinado os donos da casa ainda dentro do imóvel e levado os cadáveres no veículo, embora traços de sangue de Rubem tenham sido encontrados por peritos apenas na residência.
Já a dupla de investigados alega ter levado para Canoas o idoso e sua mulher, que teriam sumido após sair para uma consulta médica. A falta de notícias sobre o paradeiro acabou chamando a atenção de outros parentes, que procuram a Polícia Civil.
Também pesa contra os investigados o fato de o neto do idoso ter aplicado película nos vidros do carro da mãe apenas uma semana antes da derradeira visita. E também a existência de imagens, no celular dele e da mãe, de lugares desabitados – para a promotoria, um indício de possível análise de locais para a desova dos cadáveres.
O crime teria sido cometido por motivo passional: a filha de Rubem mantinha relação problemática com o casal, devido a um incidente familiar ocorrido anos atrás e que fez com que ela passasse a ser alvo de repúdio por parte de Rubem.
(Marcello Campos)