Começou na manhã desta quarta (22), em Charqueadas, o primeiro julgamento do caso Ronei Jr. Três dos nove réus são julgados pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri da Comarca, presidido pelojuiz Jonathan Cassou dos Santos. Outros seis acusados serão julgados no mês de julho (4/7 e 11/7).
Nesta quarta, estão sob julgamento os réus Leonardo Macedo Cunha, Peterson Patric Silveira Oliveira e Vinicius Adonai Carvalho da Silva. Eles respondem pelos seguintes crimes: homicídio qualificado (meio cruel e recurso que dificultou a defesa) de Ronei Faleiro Jr, pelas tentativas de homicídio qualificado de Ronei Wilson Faleiro, Richard Saraiva de Almeida e Francielle Wienke (motivo fútil – apenas em relação Richard –, meio cruel e recurso que dificultou a defesa), associação criminosa e corrupção de menores.
Pela manhã, houve o sorteio dos jurados. Três mulheres e quatro homens compõem o Conselho de Sentença. Em seguida, Ronei Wilson Faleiro (pai) foi a primeira vítima a ser ouvida.
As agressões
O pai de Ronei Jr lembrou os acontecimentos de 1° de agosto de 2015. Na noite anterior, ele levou o filho, que tinha 17 anos na época, até o Clube Tiradentes, no centro da cidade. O jovem ajudaria nos preparativos da festa realizada naquela noite, com o objetivo de angariar recursos para sua formatura, no final do ano. O pai também retornou ao clube para buscar Jr, por volta das 5h da manhã. O menino pediu que ele aguardasse uns minutos e também que desse uma carona para Richard e Francielle.
Enquanto aguardava o trio, Ronei não percebeu nenhuma movimentação diferente na frente do clube. Ele saiu do carro e foi ao encontro de Jr e dos amigos dele. Foi quando aconteceu o primeiro ataque de um grupo de jovens. “Ouvi barulho de batidas de garrafas, de vidros, minha porta foi empurrada, mas eu consegui entrar no carro”. Ele estima que fossem em torno de 15 agressores. “Fomos atacados pelas costas”.
As agressões se intensificaram, o veículo foi cercado e Ronei saiu para socorrer os adolescentes. Ele também foi atingido por garrafadas na cabeça e golpes nas costas. “Era uma gangue linchando quatro pessoas”.
Segundo a vítima, quando conseguiram entrar no carro e fugir, ele perguntou se estavam todos presentes. “Ouvi meu filho dizer ‘pai, eu tô cortado’”. Ronei seguiu às pressas em direção ao hospital. O menino tinha cortes na região do rosto e da cabeça. Richard e Francielle foram atendidos em outra sala.
Socorro
No hospital, Jr segurou a mão do pai e perguntou se ele não estava machucado. “Foi a última frase do meu filho que, antes de perder a consciência, ainda perguntou se eu estava bem”.
O estado de saúde se agravou e ele foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. “Uma médica disse que estavam tentando salvar a vida de Jr. Mas que, se conseguissem, o Jr que conhecíamos não seria mais o mesmo. É duro dizer isso. Mas arrebentaram a cabeça do meu filho”, lamentou Ronei. “Meu filho foi julgado, sentenciado e executado numa calçada. Não foi dado chance”.
Motivação do crime
Sobre os agressores, Ronei disse que muitos deles conviveram com o filho. “Um deles, Jhonata (que será julgado em 11/7) era mais próximo. Talvez tenha entrado na minha casa muitas vezes, em algum aniversário”, lembrou. O motivo das agressões, segundo Ronei, seria porque Richard morava em São Jerônimo e namorava Francielle, que era de Charqueadas.
Filho único, Jr estudava de manhã e fazia curso pré-vestibular. “Ele era o centro da nossa família”, afirmou, emocionado. Quase sete anos depois, Ronei disse que nunca mais passou na frente do local onde ocorreu o crime. Ele e a família não vivem mais em Charqueadas. “É inaceitável o perdão”.