O terceiro julgamento dos acusados pela morte do adolescente Ronei Faleiro Jr., ocorrida em 2015 na saída de uma festa em Charqueadas, começou na manhã desta segunda-feira (11). A vítima foi atingida por chutes, socos e garrafadas.
Desta vez, são julgados pelo júri Jhonata Paulino da Silva Hammes, Matheus Simão Alves e Cristian Silveira Sampaio. Ao todo, dez pessoas foram acusadas pelo MP (Ministério Público): são nove réus em um processo e um em outro. Além do adolescente, foram vítimas de tentativas de homicídio o pai dele, Ronei Wilson Faleiro, e o casal de amigos Richard Saraiva de Almeida e Francielle Wienke.
Os réus são acusados pelos crimes de homicídio qualificado (meio cruel e recurso que dificultou a defesa), três tentativas de homicídio qualificado (motivo fútil – apenas em relação a Richard –, meio cruel e recurso que dificultou a defesa), associação criminosa e corrupção de menores. A expectativa é de que o julgamento dure dois ou três dias.
O júri de nove dos dez réus, marcado inicialmente para novembro de 2019, foi dividido em três julgamentos diferentes. Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva, Leonardo Macedo Cunha, Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo foram condenados a penas que variam de 35 anos e quatro meses a 41 anos e seis meses de prisão nos dois júris anteriores.
O décimo adulto acusado de envolvimento nos crimes, Rafael Trindade de Almeida, foi denunciado depois dos demais e seu caso é apurado em outro processo. Conforme os promotores, os acusados formavam o chamado “bonde da aba reta” e costumavam brigar com moradores de cidades vizinhas que frequentavam festas em Charqueadas.
Nos dois julgamentos anteriores, os réus foram mantidos em liberdade mesmo após as sentenças condenatórias, por força de habeas corpus preventivos. Em ambos os casos, o MP emitiu pareceres contrários às solturas e aguarda o julgamento do mérito. Conforme o órgão, os réus devem ser presos para cumprimento imediato das penas.
O assassinato
Conforme a denúncia do MP, o pai do adolescente, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, deixou seu filho, Ronei Jr., na noite de 31 de julho, às 22h, no Clube Tiradentes, em Charqueadas. O combinado era de que iria buscá-lo às 5h. A festa foi promovida para arrecadar fundos para a formatura no ensino médio da turma do adolescente, que tinha 17 anos.
Por volta do horário combinado, o pai ligou para o seu filho, que pediu para que aguardasse mais 15 minutos e desse carona a um casal de amigos. O pai, então, foi até a porta do clube para falar com o filho e o casal. Na saída, eles perceberam que seriam hostilizados e rapidamente aceleraram o passo para entrar no carro. Quando Ronei Jr. tentou ingressar no veículo, foi puxado para fora e cercado por outros jovens, que chutavam o automóvel.
O pai passou a ser atingido por garrafadas, socos e pontapés. Isso impediu que ele evitasse que o grupo abrisse a porta do carro e atingisse as outras vítimas. Em um determinado momento, conseguiu se desvencilhar dos agressores, entrou no carro e saiu imediatamente do local com o filho e o casal de amigos no interior no automóvel.
No caminho, ao perceber as lesões que o filho e o casal haviam sofrido, deslocou-se rapidamente para o Hospital de Charqueadas. Devido à gravidade, Júnior foi encaminhado de ambulância para Porto Alegre. No entanto, chegou à Capital sem vida.
Na denúncia, constam um vídeo e áudios em que integrantes do grupo contam, detalhadamente, como ocorreram as agressões. Segundo o MP, “os crimes foram cometidos com a clara intenção de matar, simplesmente pelo fato de o amigo de Ronei Jr. residir em São Jerônimo e não em Charqueadas, como todos os denunciados”.
O ataque a Ronei Jr., seu pai e amigos contou com a participação de menores. O MP apontou sete na acusação: a quatro deles foi aplicada, em 18 de setembro de 2015, medida socioeducativa de internação por três anos, prazo máximo estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente. Os outros três foram absolvidos.