Divididos em duplas e trios, os novos juízes de Direito que tomaram posse no início do mês saíram às ruas do Centro Histórico de Porto Alegre, nesta semana, para ouvir a população. Eles conversaram com centenas de cidadãos que circulavam pelas imediações de três locais de intensa movimento: Esquina Democrática, Mercado Público e Praça da Alfândega.
O exercício faz parte do curso de formação de juízes, que antecede as suas posses nas respectivas Comarcas gaúchas onde trabalharão. Um dos focos da iniciativa é entender a visão dos gaúchos sobre a Justiça. Por meio de uma pesquisa de satisfação, os entrevistados foram estimulados a compartilhar experiências e avaliações.
As questões apresentadas incluíram tópicos como “Você já recorreu à Justiça?”, “Como avalia a atividade do magistrado?”, “Que qualidades um juiz deve ter?”, “Qual o seu grau de confiança no sistema em nosso Estado?”. Também foi aberta a possibilidade de que as pessoas ouvidas apresentassem sugestões para melhorar a Justiça.
Depoimentos
A dona de casa Ana Paula Trindade foi uma das entrevistadas. Ela tem cinco filhos e relatou ter precisado da Justiça para garantir o pagamento de pensão alimentícia para três das crianças, bem como para impedir que um ex-companheiro se aproximasse: “A medida protetiva foi muito rápida, sendo dada antes de 24 horas, mas a pensão eu ainda não consegui ainda”.
Na avaliação dos responsáveis pela atividade, experiências como essa proporcionam aos novos magistrados uma ideia mais clara do que as pessoas necessitam. E de como percebem a atuação do sistema.
“A sociedade ainda tem dúvidas a respeito do nosso papel”, ressalta o juiz assessor da Presidência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), José Luiz Leal Vieira, que acompanha as “saídas de campo” desde a primeira edição, em 2014. “Estamos sempre buscando para estar mais próximos das pessoas e elas conhecerem o nosso trabalho.”
Seu colega Marcelo Malizia Cabral participou desta ação. Segundo ele, “trata-se de um exercício de horizontalidade”, em sintonia com a ideia de que é necessário ouvir as pessoas, a fim de saber como agir para qualificar a Justiça: “O cidadão é o nosso cliente”. A juíza-corregedora Geneci Ribeiro de Campos também coordenou a aplicação da pesquisa por um dos grupos.
Ao fim da jornada, as centenas de questionários foram reunidos para uma avaliação de resultados em novo encontro dos novos magistradas, no Palácio da Justiça (próximo à Praça da Matriz, também no Centro Histórico).
(Marcello Campos)